sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Planejando a gravidez


Na internet tem muitas informações sobre como engravidar que parecem verdadeiros manuais infalíveis. Mas, a verdade é que gravidez não tem fórmula mágica: para cada pessoa é uma experiência diferente. Contudo, existem dicas que podemos seguir para facilitar o tão sonhado positivo baseadas em artigos científicos. Por isso, vale a pena se informar e planejar a gravidez utilizando essas informações mas sem esquecer que cada ser humano é único e que o Dr. Google não substitui um bom obstetra.

Nesse post vou contar um pouquinho como eu consegui engravidar e dar algumas dicas que me ajudaram e que acredito que possam ajudar outras "tentantes". No meu caso, eu tenho endometriose grave desde os 12 anos. Com 15 anos, meu ginecologista disse que engravidar seria um dos melhores tratamentos para minha doença (em um dos próximos posts eu escrevo mais informações legais para quem tem endometriose). A maternidade sempre foi meu sonho mas sabia que a gravidez na adolescência não teria consequências boas para minha família. Por isso, esperei completar 21 anos para começar a planejar minha gestação. Este foi o meu primeiro passo da preparação para engravidar:


  • Decidir junto com o seu companheiro se é um bom momento

- É importante o casal ter um relacionamento estável. A gravidez é um momento estressante e, na maioria das vezes, separa casais que já não estavam bem emocionalmente. Tem pessoas que acreditam que filho "segura marido", mas a realidade mostra exatamente o contrário.  
- O casal precisa ter valores parecidos de como criar um filho para que não ocorram brigas. Por exemplo, eu e o meu marido tivemos um animal de estimação antes de engravidar e ele nos ajudou a conciliarmos visões diferentes sobre educação. Provavelmente, se não fosse o nosso gato, eu jamais teria conversado com meu marido sobre como dar limites para o nosso filho.
- As questões financeiras e profissionais também são importantes, afinal filhos aumentam significativamente os gastos e demandam tempo que poderia ser dedicado a faculdade ou trabalho.
- Além disso, questionamentos práticos que parecem insignificantes precisam ser consideradas antes de qualquer tentativa como "nosso apartamento ou casa tem espaço para o bebê? O plano de saúde cobre o pré-natal e parto?"


Pensou bem? É um bom momento? Legal! Então, pule para os próximos passos:


  • Fazer um acompanhamento médico (mesmo se você estiver saudável):
- Visite um ginecologista/obstetra da sua confiança e explique que planeja engravidar. O médico vai verificar se não há nenhum problema de saúde que influencie a concepção e vai te orientar sobre hábitos saudáveis. Se você usa drogas (cigarro, álcool, etc) ou está acima do peso, é um bom momento para fazer tratamentos. 
- Provavelmente, o médico vai recomendar que você comece a tomar Ácido Fólico, que previne má formações. É importante tomar um suplemento de, no mínimo, 400 mcg de Ácido Fólico por dia durante 3 meses antes de engravidar até 3 meses depois de engravidar. Depois do primeiro trimestre de gestação, o Ácido Fólico pode ser substituído por outros polivitamínicos específicos para gestantes.
- Na consulta, aproveite para perguntar para o ginecologista sobre as suas chances de engravidar e se é necessários procurar um especialista em reprodução humana. No meu casos, precisei procurar procurar uma clínica de fertilização in vitro e tomar anticoagulantes para conseguir engravidar. Antes de procurar o médico, tive várias tentativas que só geraram mais sofrimento e ansiedade por falta de conhecimento.

  • Evitar cosméticos, medicamentos e alimentos que não são indicados na gestação:
- Cosméticos: não podem conter ácidos em geral (salicílico, retinóico, etc.), parabenos, formol, uréia, retinol, flutamida, cafeína, despigmentantes, cetoconazol e tratamentos químicos para cabelo (alisamentos, tinturas e permanentes). 
- Medicamentos: leia sempre a bula para verificar se o remédio é seguro na gestação. 
- Alimentos: evitar cafeína, adoçantes artificiais, embutidos, carnes e ovos mal cozidos, bebidas alcoólicas, bife de fígado, miúdos e queijos não pasteurizados.


Depois desse planejamento básico, é hora de praticar:


  • Ter relações sexuais que facilitem a concepção: 
fazer sexo é fundamental para engravidar naturalmente (não diga! rsrs), mas é possível aumentar ainda mais as chances com algumas dicas: 
- Procure ter relações sexuais a cada dois dias (para aumentar o volume de esperma), principalmente no seu período fértil.
- O período fértil pode ser calculado neste site: http://www.calculadoradaovulacao.com/. Vale lembrar que depois de você parar de usar anticoncepcional, pode demorar alguns meses até o seu corpo ovular regularmente. Eu esperei seis meses depois de tomar pílula contínua por vários anos para voltar a menstruar normalmente.
-  Evite o uso de lubrificantes, pomadas ou sabonetes íntimos que modifiquem o PH do muco cervical.
- O sexo deve ser prazeroso porque o orgasmo facilita o transporte dos espermatozoides até o óvulo. (hipótese médica sem comprovação científica
IMPORTANTE: Não se estresse. Se essas dicas não estão te deixando aproveitar o sexo, é melhor esquece-las! 


Vale lembrar que engravidar exige tempo e dedicação. Uma mulher saudável, normalmente, pode demorar mais de um ano para engravidar. Além disso, só há uma chance de 20% a cada ovulação de haver concepção. Portanto, não fique frustrada se várias tentativas não derem certo. 

Se você notar que não está conseguindo engravidar naturalmente, vale a pena procurar um especialista em reprodução humana. No meu caso, além de seguir as dicas acima, eu precisei fazer fertilizações in vitro e esperar 3 anos para conseguir ter o meu Miguel. 

Desejo que todas as mulheres que querem ter filhos também consigam realizar o seu sonho no momento certo. Não desistam!




Este artigo utiliza fontes cientificamente comprovadas.



Ilustração: Jana Magalhães
Fontes consultadas: 
ALVES, Gilvan Ferreira; NOGUEIRA, Lucas Souza Carmo; VARELLA, Tatiana Cristina Nogueira. Dermatologia e gestação. An. Bras. Dermatol.,  Rio de Janeiro ,  v. 80, n. 2, Apr.  2005. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962005000200009&lng=en&nrm=iso>. Access on  12  Aug.  2014.  
FIGUEIREDO, Bárbara et al . Qualidade da vinculação e dos relacionamentos significativos na gravidez. Psicologia,  Lisboa,  v. 20,  n. 1,   2006. Disponível em <http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-20492006000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em  12  ago.  2014.
LEAL MC et al. Fatores associados à morbi-mortalidade perinatal em uma amostra de maternidades públicas e privadas do Município do Rio de Janeiro, 1999-2001. Cad Saúde Pública 2004; 20 Suppl 1:S20-33.    
SIQUEIRA, C. Mitos e Verdades da Fertilidade. Disponível em http://www.euqueroengravidar.com.br/mitos-verdades-da-fertilidade/. Acesso em 12 de Agosto de 2014.   
TEIXEIRA, A.N. Doenças Microbianas de Origem Alimentar. Disponível em: http://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/revista_virtual/biologia_molecular/biomol06.pdf. Acesso em 12 de Agosto de 2014.  

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